16 outubro 2011

No intervalo das imagens (e dos sons)

João Lopes
Que acontece quando se liga uma imagem com outra imagem? Duas imagens... e também a "soma" dessas duas imagens, como se nascesse um terceiro termo. E um som com outro som? Talvez um novo som, feito da conjugação dos dois. Uma coisa é certa: a relação de sincrónica entre uma imagem e um som é uma convenção ou, se preferirem, um código.
Para Peter Greenaway, há muito que o sincronismo é um código que pode ser transfigurado ou pervertido. Mais precisamente: o cinema não tem de contar histórias em que os sons "confirmam" as imagens (mesmo se tal dispositivo deu origem a muitas e muitas maravilhas). Intervals (1973), uma das suas primeiras curtas-metragens, é a divertida ilustração desse processo de transformação: uma viagem sincopada por cenários de Veneza, contando a história da sua própria deambulação por uma cidade labiríntica, sem centro.